segunda-feira, 31 de agosto de 2009





























Todavia, sem que eu pedisse,

entraste em meu coração como um desconhecido qualquer,

e marcaste os momentos fugazes da minha vida com Teu selo de eternidade.

Tagore

O vinho e as rosas

























Embora não tenham limites as minhas conquistas
para mim há apenas uma cidade
e nessa cidade um palácio
e nesse palácio um quarto
e nesse quarto uma cama
e nessa cama uma mulher
adormecida
a jóia mais valiosa
de toda a minha coroa

Anônimo, Índia,
In O vinho e as rosas
Trad. de Jorge Sousa Braga

domingo, 30 de agosto de 2009
























"A borboleta conta momentos e não meses, e tem tempo de sobra."

Tagore

Pérolas



















Poemas épicos indianos como o Ramayana e Mahabarata contém interessantes lendas sobre pérolas: "Após a criação do mundo os quatro elementos honraram o Criador, cada um com um presente. O Ar ofereceu-lhe um arco-iris; o Fogo uma estrela cadente; a Terra um precioso rubi e a Água uma pérola". Na Índia acreditava-se que as pérolas nasciam na testa, cérebro e estômago dos elefantes (animais sagrados), também nas nuvens, conchas, peixes, serpentes, bambus e ostras. Sendo propriedade exclusiva dos deuses, as pérolas das nuvens irradiavam boa sorte. As pérolas das serpentes possuíam um halo azul e descendiam de Va’Suki, soberano das serpentes. Os mortais muito raramente viam essas pérolas: somente os de grande mérito gozavam de tal privilégio.

Kabir





























O sábio e poeta Kabir é uma das figuras mais interessantes e conhecidas dentro da mística hindu. Apesar de pouco conhecido no ocidente, no oriente seus poemas o colocam entre os grandes poetas místicos de todos os tempos, ao lado de Jalal ud-Din Rumi, San Juan de la Cruz, Al-Hallaj, Ryokan, Tagore, entre muitos outros.
Nasceu em 1440 na cidade de Benares.
Foi casado, teve filhos e a maioria dos historiadores acredita que ele tenha sido tecelão. Esse aspecto "mundano" de sua vida também é marcante em sua poesia, erigida em cima da busca do divino sem a negação do mundo, do perceber e sentir Deus em tudo, no dia-dia, em cada ato, por mais simples que ele seja...

O Céu e o Ninho




























És ao mesmo tempo o céu e o ninho.

Meu belo amigo, aqui no ninho,
o teu amor prende a alma
com mil cores,
cores e músicas.

Chega a manhã,
trazendo na mão a cesta de oiro,
com a grinalda da formosura,
para coroar a terra em silêncio!

Chega a noite pelas veredas não andadas
dos prados solitários,
já abandonados pelos rebanhos!
Traz, na sua bilha de oiro,
a fresca bebida da paz,
recolhida
no mar ocidental do descanso.

Mas onde o céu infinito se abre,
para que a alma possa voar,
reina a branca claridade imaculada.
Ali não há dia nem noite,
nem forma, nem cor,
nem sequer nunca, nunca,
uma palavra!

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões



























O que se ocupa demasiado a fazer o bem não tem tempo para ser bom.
Tagore

sábado, 29 de agosto de 2009

Quero ser o poeta da noite




Noite, velada Noite,
faz-me teu poeta!
Deixa-me entoar as canções
de todos aqueles
que, pelos séculos dos séculos,
se sentaram em silêncio
à tua sombra!
Deixa-me subir ao teu carro sem rodas
que corre silencioso de mundo a mundo,
tu que és rainha do palácio do tempo,
escura e formosa!

Quantos entendimentos ansiosos
penetraram mudos no teu pátio,
vaguearam sem lâmpada pela tua casa,
à tua procura!
Quantos corações, que a mão do Desconhecido
atravessou com a flecha da alegria,
romperam em cânticos
que sacudiam a tua sombra
até aos alicerces!

Faz-me, ó Noite,
o poeta destas almas despertas
que contemplam maravilhadas,
à luz das estrelas,
o tesouro que encontraram
de repente;
o poeta do teu insondável silêncio,
ó Noite!

Rabindranath Tagore

Desejo



























O desejo a impele ao encontro do amante
O receio a detém por um momento
Parece a seda de um estandarte
Que ora se abandona ora se furta ao vento


Kalidasa, séc. V - Índia
Trad.: Jorge Sousa Braga

terça-feira, 25 de agosto de 2009

À Espera do Amado




























Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele não foi.
Chegou ao pé de mim e agarrou-me as mãos...
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele não deixou.

Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele não se envergonhou.

Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele não fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

segunda-feira, 24 de agosto de 2009




















"Acende a lâmpada do amor com a tua vida!"

Rabindranath Tagore

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A história de Ganesha






















Ganesha foi criado a partir de uma pasta de sândalo e açafrão que a deusa Parvati (sua mãe e esposa de Shiva) tirou do próprio corpo. Ele foi designado para guardar as portas do santuário materno e só aceitava as ordens de Parvati.

Certa vez Shiva estava guerreando ao lado dos outros deuses e retornava à sua casa, alegre com a gloriosa vitória que trouxera aos deuses, parando apenas à entrada de sua casa, onde encontrou Ganesha. Este, seguindo fielmente as palavras de Parvati, não permitiu que o deus entrasse na casa.

Em um acesso de fúria e sem nenhuma piedade, Shiva usou seu poderoso tridente e separou a cabeça do menino do corpo. Arrependido e vendo Parvati muito triste, Shiva concedeu uma bênção à Ganesha: um elefante real foi decapitado e a cabeça do animal foi colocada no pescoço do filho que voltou a vida.

Assim, Ganesha se tornou uma criança especial com uma cabeça de elefante, designado a partir de então como "O Senhor que remove todos os obstáculos".

Ganesha simboliza a sabedoria, inteligência, amor, fertilidade e prosperidade. É o primeiro a ser invocado nas cerimônias para garantir o sucesso em qualquer empreendimento. Ele destrói todos os obstáculos materiais e espirituais.

domingo, 16 de agosto de 2009






















Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.

Rabindranath Tagore


sábado, 8 de agosto de 2009

Vocabulário

Are baba: é uma exclamação, equivale a um "poxa!", "ô Deus", "não brinca" "ah, não".

Arebaguandi: também no sentido de "ai meu Deus"!
(Quando se coloca esse final "di", acrescenta-se um respeito maior à pessoa a quem você se dirige. Assim, arebaguandi é um "ô meu deus"mais respeitoso ainda que o Baguan Keliê).

Atchá: expressão de satisfação.

Atchatchatcha: expressão que traduz extrema satisfação.

Baguan keliê: uma expressão que significa “por Deus!”, “ô meu Deus!”.

Bhaya: irmão mais velho.

Bus: significa “basta” e tem um significado bem amplo. Pode ser usada para dizer que não quer mais nada em uma loja ou para pedir que alguém pare de fazer alguma coisa.

Dalit: é o chamado intocável, uma pessoa impura. Os textos sagrados definem como “a poeira aos pés do deus Brahma”. Os Dalit não podem sequer tocar com sua sombra um integrante das castas.

Djan: querido, amado

Djan, djan: vá, vá, vamos.

Divina laksmi: é o nome próprio de uma deusa que traz prosperidade e beleza para a terra.

Firanghi: vem do inglês “foreign”, que significa estrangeiro. Na mistura de línguas virou Firanghi, que significa estrangeiro ou estrangeira. O inglês é muito usado na Índia já que parte do país foi colônia inglesa até 1947. A palavra Firanghi carrega um sentido pejorativo, já que se refere a quem não valoriza os costumes do país.

Karwa chauth: é o dia em que as mulheres casadas fazem jejum para que os deuses concedam vida e longa e prosperidade a seus maridos.

Manglik: pessoa amaldiçoada para o amor. Isso significa que o primeiro casamento da vida dessa pessoa está condenado ao fracasso, mas nada se sabe quanto ao segundo. Por isso é recomendado que ela se case com um animal ou um vegetal para se livrar de tal maldição. Este ritual de casamento é chamado de Kumbh Vivah.

Namastê: um cumprimento para saudar as pessoas. Significa “o deus que habita em mim saúda o deus que habita em você”.

Puja para Ganesha: Puja é um tipo de ritual, e Ganesha é a divindade mais popular da Índia. Portanto, Puja para Ganesha significa “ritual para Ganesha”. Na ocasião, são oferecidas comidas como coco, doces, grão de bico e outras iguarias indianas. Além das oferendas, flores, incensos e velas devem enfeitar o ritual.


Sari: roupa típica da Índia usada pelas mulheres. Trata-se simplesmente de um pano enrolado no corpo.

Tchalô: vamos!

Tik: sim.

Tik he: tem o significado de “tudo bem”, que é usado até quando se quer concordar com algo.

Tik tik: sim, sim.

Tuc-tucs: mais confortáveis que os riquixás, têm sua estrutura sobre uma moto e funcionam da mesma forma, inclusive como táxi.

Ulu: é a definição de uma pessoa estúpida, burra.

Ulucapatá: o maior de todos os burros; “grande senhor dos burros”, como traduzem os indianos.